terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Aponte e dispare

O serviço militar israelense é obrigatório tanto para homens quanto para mulheres. Homens servem por 3 anos; não seguindo carreira, devem prestar serviços militares por até 60 dias ao ano em alguma unidade, até completar 40 anos. Mulheres servem por 2 anos, também prestam os 60 dias de serviço em caso de baixa, mas são dispensadas da "anuidade" após os 24 anos.

Rachel Papo serviu na força aérea de Israel por dois anos, tanto como soldado quanto como fotógrafa. Em 2004, voltou à vida de caserna para realizar um ensaio interessante e revelador.

Serial No. 3817131 mostra a vida, os treinamentos e as reações das recrutas do exército israelense. São meninas que parecem estar fora de contexto, são jovens armadas em pleno exercício de tiro, unidas como colegiais, belas ou não tão belas. Nem mesmo diante de uma situação tão extrema deixam a vaidade de lado: permitem que a feminilidade - meio menina, meio mulher - transpareça por cima dos uniformes. Não escondem a cumplicidade entre as amigas e empunham tanto o celular quanto o M-16.

Rachel não é genial, mas consegue capturar instantes memoráveis. Seu grande triunfo é registrar um tipo de cotidiano de acesso muito difícil a civis. É fica difícil imaginar que jovens assim sejam submetidas ao combate armado, mas vivemos em contextos diferentes e quaisquer análises podem ser extremamente reducionistas.

Contudo, com o perdão da obviedade, seria melhor que elas não estivessem lá.

(Justiça seja feita: a sugestão desse post foi de Roberta Carusi, a partir de um outro post de Bruno Scartozzoni. Resisti por um tempo, afinal há muita guerra nos posts anteriores, e mais um seria inconveniente. Afinal, enquanto na guerra cada disparo encerra uma história, na fotografia, eles conservam várias histórias.)

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