sábado, 21 de junho de 2008

Dueto - #1

"Dueto" é uma proposta diferente para colher opiniões diferentes, sempre conversando com duas pessoas ao mesmo tempo e sobre aspectos pertinentes à fotografia amadora. Nesta primeira edição, Edmar Henschel e Eliana Feher respondem sobre o gosto da fotografia, equipamentos e ética.


1 - O técnico e o concreto -

Imagem: Edmar Henschel

"Quando" e "como" você começou a fotografar?
Edmar: Comecei em 1971 com uma SLR usada, Voigtlaender. Eu sempre me interessei pela fotografia e queria ter uma maquina “boa”.
Eliana: Comecei a fotografar com mais freqüência a partir do inicio de 2008, após a aquisição de uma câmera DSLR. Sempre gostei de fotografia, mas nunca tinha dedicado algum tempo exclusivamente para isso, e quando o fiz, gostei muito do resultado.

O seu primeiro equipamento foi...
Edmar: O meu 1° equipamento “sério” foi uma Olympus OM1 e OM2 com varias objetivas fixas. Zoom nessa época quase não tinha e não prestavam muito. Eu já possuí até um laboratório completo para filme negativo, P&B e colorido e revelação de slides.
Eliana: Desde que me lembro, sempre tive câmeras fotográficas... acho que a primeira foi uma câmera de filme da Kodak compacta. Quando surgiram as digitais logo me animei e comprei uma Cássio QV100, que nem flash tinha e depois uma Sony P-72. Agora tenho uma DSLR da Sony, a Alpha 100.

E chegou a usar a fotografia como trabalho?
Edmar: De vez em quando aceito trabalhos, mas são pontuais.
Eliana: Não, a fotografia é apenas um hobby, mas no futuro, quem sabe.

De que forma seu equipamento influi na qualidade das fotos?
Edmar: Um AF e uma boa objetiva são garantias de qualidade.
Eliana: O equipamento ajuda e muito. Mas a observação, olhar apurado, criatividade e técnica não podem ser deixados de lado.

Até que ponto é válido usar softwares de manipulação de imagens na fotografia?
Edmar: Para mim não tem margem, somente falta de conhecimento
Eliana: Até o ponto de não se descaracterizar a imagem, a não ser que essa seja a intenção durante a manipulação. Tornar uma foto mais ‘clara’, mais colorida, mais agradável aos olhos não faz mal a ninguém.

Você “investe” ou “gasta” com equipamentos fotográficos?
Edmar: Olha, isso fica na balança. O dinheiro que eu ganho com trabalhos invisto em equipamento novo. Do outro lado, vendo o equipamento novamente com uma perda de valor.
Eliana: Acredito que a aquisição de um equipamento é um investimento, pois poderá trazer um retorno financeiro. Porém, para ter alguma dedicação à fotografia, além do investimento, existe o gasto, pois fotografar não se limita apenas a clicar. As vezes existe a necessidade de se deslocar para algum lugar, imprimir as imagens, entre outros, e isso acaba envolvendo um gasto.

Que acessório fotográfico não falta na sua mochila?

Edmar: Ufa! Olha eu carrego demais comigo... Eu sempre levo o flash, uma angular e uma tele. Baterias cheias, guarda-chuva e uma tesoura pra cortar capim ou um galho que venha a estorvar fotos macro.
Eliana: A câmera, com certeza, e uma boa lente.

Qual seu equipamento dos sonhos?
Edmar: A Sony 900, a SSM 2,8/70-200 e a 4,0/600 da Sony
Eliana: Ainda estou em ‘lua de mel’ com a minha DSLR. Ela era meu sonho há uns meses atrás. Por enquanto não sonho com um novo equipamento.

O digital ajuda na difusão da fotografia ou a banaliza?
Edmar: Por um lado ajuda e por outro banaliza. Quando vejo a “montueira” de fotos disparadas, ai também banaliza.
Eliana: A fotografia digital ajuda na difusão das imagens sim, pois existe uma simplicidade enorme em compartilhar as fotografias. A questão da banalização da fotografia também existe, pois o volume de informação desse tipo atualmente é muito grande, e poucos sabem realmente analisar a qualidade da imagem, o sentimento do seu autor, a técnica utilizada.

O que vale mais em uma imagem: técnica ou conteúdo?
Edmar: Em primeiro lugar o conteúdo, mas a técnica não deve faltar.
Eliana: De nada adianta ter técnica se a foto não tem conteúdo, e vice-versa. Ambos são importantes.


2 - O conceitual e o subjetivo -

Imagem: Eliana Feher

Como você vê o contexto da fotografia amadora hoje?
Edmar: A fotografia amadora esta mudando muito. Com digitais surgem muitas fotos com pouco valor criativo. Aqui na Alemanha, há outro aspecto que é a idade dos fotógrafos. Nos fóruns brasileiros a idade dos participantes fica em torno dos 20 a 35 anos; aqui na Alemanha muito já chegaram a 3° idade. Por questão financeira, os jovens têm outras prioridades e os “idosos”, maior poder aquisitivo.
Eliana: Outro dia fui pesquisar o que diferenciava a fotografia amadora da fotografia profissional. Não sei se o conceito que vi é o mais correto, porém acredito que é bem adequado. Fotografo amador é aquele que sua profissão não é fotografia, porém a utiliza não somente para registrar momentos com amigos e/ou viagens, e sim, aquele que dedica um tempo para a fotografia, saindo exclusivamente para esse fim. A fotografia amadora é feita com "amor", feita com prazer. Já os fotógrafos profissionais fazem por obrigação, não que não tenham amor ou prazer em fazê-lo.

Ética na fotografia. Como você vê isso?
Edmar: Eu acho que no Brasil não há muita ética na fotografia. Há fotos que vejo em fóruns que me deixam assustado. Fotos de operações ou partes humanas, que aqui na Alemanha não seriam possíveis mostrar. Por outro lado, no fórum não são permitidas fotos de pessoas nuas. Essa eu não entendo.
Eliana: Os fotógrafos têm que ter bom senso em relação às fotografias tiradas, no que diz respeito às imagens que ferem a moral, a individualidade e a privacidade das pessoas. Um bom exemplo disso, são as imagens feitas pelos "paparazzi" que vivem da busca constante de situações onde se é possível tirar proveito dos fotografados, na maioria das vezes financeiro.

O que é para você uma imagem polêmica?
Edmar: Uma imagem polêmica para mim é quando provoca disputas ou causa controvérsias.
Eliana: Uma imagem polêmica é aquela que agrada e desagrada as pessoas ao extremo. Fotos com imagens ‘fortes’, constrangedoras, que para alguns pode parecer uma imagem como outra qualquer, e para outros um tipo de imagem que fere a moral e incomode. São imagens que provocam discussões acirradas entre as pessoas que vêem tais imagens.

E que tipo de imagem você nunca registraria?
Edmar: Acidente na estrada com pessoas feridas ou mortas, por causa da ética.
Eliana: Acho que não faria fotos de acidentes ou doentes graves/terminais. Não acho agradável ver este tipo de imagem e acho que não conseguiria fazê-las.

Por onde um iniciante deve começar?
Edmar: Um senhor de idade aqui na Alemanha uma vez disse: “Não faz sentido de carregar um cão para a caça: ele tem que querer caçar”. Se um iniciante quer aprender, ele vai aprender.
Eliana: Sou iniciante. Comecei me aventurando em ter uma DSLR, e com ela na mão, não sabia direito o que fazer e como conseguir as imagens. Pesquisei em livros, e na internet, e me envolvi com pessoas que tem um conhecimento um pouco maior do que o meu, para que com isso eu aprendesse pelo menos o básico. Encontrei novos amigos, e iniciamos passeios em grupo, o que me trouxe um ótimo aprendizado. Não existe uma receita para se começar uma nova coisa, mas o que é fundamental é o gosto e a curiosidade por aquilo que você se dispôs a fazer.




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